quinta-feira, setembro 20, 2007

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS - MOÇAMBIQUE 2

Se contasse todas as peripécias que passei em Moçambique, nem um livro de duas mil páginas chegaria para descrever as minhas " aventuras" naquela adorada terra.

Cacei um par de anos com o Alberto Araújo, e fiz alguns safaris com gente quase sempre dos Estados Unidos, até que um dia fui mandado fazer um safari com o Marquês de Villaverde, e a sua esposa Carmen Franco, filha do General Francisco Franco.
(Na foto: Adérito Lopes, (jornalista e meu amigo), a Marquesa de Villaverde, hoje Duquesa de Franco, Loli de Aznar e eu.)

Também caçava nesse safari a Sra. Loli de Aznar e o seu marido Eduardo, com quem continuei a amizade , até à morte dos dois.

...Nesse safari, conheci a um bom amigo, o Celestino Gonçalves, a quem todos os moçambicanos conhecemos, através da sua página que fala da Fauna Bravia, de caçadores e histórias de caça.

...Um dia, estava eu sentado no Café Capri, quando o José Joaquim Simôes, o do Simôes Safaris, se sentou à mesa comigo, antes de subir ao escritório que ficava por cima do café Capri. Falou comigo e me propôs para que eu fosse trabalhar para ele esse ano como caçador-guia...

...Ele tinha muitos clientes espanhóis e necessitava de mim. Fui falar com o Araújo e disse-lhe que nesse ano eu não caçaria com ele, porque o Simões me tinha oferecido mais dinheiro. Isso assentou ao velho como um estalo. Ele não estava em boas relações com o Simões, e eu ao deixá-lo, não lhe fez graça nenhuma.

Total, cacei para o Simões aquele ano, mas como a companhia andava mal financeiramente, nâo pagava aos empregados e eu era um dos que não recebi o meus devidos salários, e como outros caçadores, deixei de caçar para ele.

Quando isto aconteceu, já eu estava viuvo, pela morte da minha esposa, a Gugas. Era um miúdo, e já viuvo com uma filha. Por isso digo que poderia escrever duas mil páginas, antes do que lhes estou a contar agora.
Mas continuando...

A minha vida na Beira, não andava bem de todo, e depois da morte da Gugas, comecei a frequentar cabarets, e um miúdo de 21 ou 22 anos, era "presa" fácil, para as meninas dos cabarets que frequentava, porque quando alguém lhes dizia que eu era viuvo, e tão novo, saia-lhes o "instinto maternal" e todas queriam ajudar a que eu não sofresse tanto, segundo elas...

...Assim um dia, encontrei-me a viver com uma das vedettes do Campino, num apartamento do "famoso" Prédio Primavera. Era um perder de noites constante, uma vida de copos, enfim um verdadeiro caos, um "despapaio" como digo eu.
Tinha que mudar de vida.

...Essa mudança surgiu, depois de eu abandonar Moçambique e ir trabalhar duas épocas com o Harry Selby, na Botswana, graças a um cliente americano, que me recomendou muito a esse senhor.

...Regressei à Beira, e fui abordado por uma grande amiga a Sra. D. Ofélia Freiria, que naquele tempo trabalhava para a Allen Wack & Shepherd, e que eram agente do Francisco Salzone, que tinha a base da sua organização de safaris em Marromeu. Ela perguntou-me se eu poderia ir caçar com o Salzone nesse ano? Eu disse-lhe que sim, e foi assim que eu passado dias me encontrei em Marromeu, viajando em direcção ao acampamento do Rio Pompué, onde me esperava o Chico Salzone, no acampamento do Pompué (havia dois Pompués, um nos tando de Marromeu e outro no Catulene e ambos afluentes do Zambeze. Aí tive por companheiros, o Mário Lopes, o Jack Silva, o Jimmy Chalmers, o Carlos Artajo e o José António Moreno.
(Na foto: Carlos Artajo, José Antonio Moreno, Nati Vieitez chica, Edelmiro Vieitez, F. Salzone, Nati Vieitez, mamâ, Jimmy Chalmers, eu e Harry o Mecânico)

Cacei com vários clientes da Organização do Salzone, e para aproveitar uma foto que aqui tenho e para poder gabar-me um pouco, ponho-a aqui porque é uma foto com o Record do Mundo de Inhacoso ou Waterbuck, que caçou o Edelmiro Vieitez, de Madrid, e que mediu 39" e meia . Somente havia um assim registado nos livros do Rolland & Ward, que diziam que estava no Museu de Historia Natural de Londres, mas esse tinha sido encontrado e não caçado. (?).
(Na foto: Sande um grande "messire" dos pantânos, eu, o Inhacoso -jejeje-, Edelmiro e Gonçalo o ajudante do carro.)

Com o Salzone estive até ao dia que "correram" o Simões, da Safrique, e ele abordou-me para que trabalhássemos por nossa conta, cada um numas áreas diferentes e pelo menos com dois acampamentos cada um para poder fazer frente aos clientes que ele iria angariar e com os que pudéssemos contar por nossa parte.

Iríamos conseguir autorização do Governo para caçarmos nas áreas livres, e foi assim, que depois de muita luta, muitas dificuldades, de uma guerra feita pela Safrique diga-se BNU, contra nós, conseguimos as áreas da Mazamba, Macossa, Inhamitanga, Catulene e os tandos do Chiniziua.
Victor "Hunter"

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