sábado, outubro 01, 2005

DEDICADA ÀS PESSOAS DE ANGOLA - 8

DEDICADA ÀS PESSOAS DE ANGOLA E AOS QUE GOSTAM DE ÁFRICA
Carta 8 –

Estávamos já na penúltima parte da nossa viagem.
Tínhamos a intençâo de subir pela praia até à Baia dos Tigres e depois regressar ao deserto para o poder atravessar, até encontrar-nos com a estrada que nos levaria directo a Sá da Bandeira, hoje Huambo.
Sabíamos que essa parte do trajecto era um dos mais difíceis, para isso tínhamos preparado bem os carros, para que não nos acontecesse nenhuma avaria.
Ao começar o trajecto sobre as dunas, demo-nos conta da dificuldade que tínhamos nessa areia solta. Tivemos que baixar a pressão às rodas para assim ter mais superfície de agarre.
Os Toyotas respondiam bem. Tínhamos muita experiência com estes carros, pois levávamos muitos anos utilizando-os nas nossas viagens de aventuras, safaris e em muitos lugares de África. Começamos a baixar uma das dunas mais altas para dirigir-nos à praia por onde pensávamos seguir e como a areia estava demasiado solta pela acção do vento, tivemos muita dificuldade para mater os carros sem que se voltassem. Ajudando-nos com o Toyota Land Cruise, lá saímos na direcção do mar.
Esperávamos encontrar a maré baixa, para poder contar com a areia dura e assim avançar rapidamente essa parte da nossa viagem. Finalmente chegamos ao mar; tínhamo-nos adiantado um pouco porque e maré ainda estava cheia o que nos fez sofrer bastante, para manter-nos no nosso rumo, sem que nos enterrássemos. Mais uma vez, graças à potente caixa de velocidades dos Toyotas e especialmente do Land Cruiser que sempre ia adiante de nós, abrindo caminho, conseguimos estabilizar-nos e então já com a maré baixa poder correr a bastante velocidade.
Começou a levantar-se um vento, e de um dia com sol passámos a ter neblina e vento, mas isso não nos fazia diminuir a velocidade. Antes de chegar à Baia dos Tigres, podemos divisar um barco mercante no meio da praia, que tinha encalhado havia pouco tempo, e que nunca mais voltaria a navegar.
Devia ter sido o vento que o tinha empurrado para esses traiçoeiros bancos de areia. Nesse lugar terminaram as suas viagens de pesca e com muitas ilusões dos patrões do navio.
Podia-se ver perfeitamente o nome do barco: Vanessa Seafood, parecia que os armadores, ao escolher este nome, estavam a determinar a sorte do navio: Comida de mar, sim seria comida para o mar. Dentro de pouco a corrosão terminaria com aquele barco que tanto tinha navegado por esse oceanos. Em poucos anos estaria quase totalmente tapado pela areia que o vento ia arrastando para dentro dele. O efeito das marés. Iriam afundando-o nas areias daquelas praias até cair no esquecimento.
Continuámos com a nossa viagem, um pouco cabisbaixos, porque nos lembramos, que como esse barco, alguns de nós por circunstâncias da vida, nunca chegaremos ao “porto de salvação”.
Alguns ficarão pelo caminho, porque como dizia alguém: esta vida é uma grande viagem, em que alguns, nos vamos baixando em diferentes pontos, muitas vezes obrigados a fazê-lo em portos, que não eram verdadeiramente o destino para o qual tínhamos traça-o o rumo.
Mas a vida continua e nós tínhamos que seguir a direcção traçada de antemão, a ver se finalizávamos a nossa aventura angolana.
Continuámos pela praia imensa a uma boa velocidade, em alguns lugares alcançámos os 100 quilómetros hora.

O dia continuava a escurecer, e até agradecemos as nuvens que nos vieram encima, porque assim refrescou o ambiente e podemos gozar um pouco aquela temperatura que segundo o nosso termómetro de bordo, marcou os 17 graus centígrados. Há muito que não sentíamos essa frescura. Isso animou-nos mais pois viajar assim era muito mais agradável.
Parámos para almoçar, e como sabíamos que deixaríamos em breve estas praias, quisemos uma vez mais, lançar as nossas linhas à água para ver o que nos poderia o mar oferecer nesse lugar, ainda que uma leve chuva estivesse a cair sobre nós.
Lançamos as linhas e esperámos.
A ondulação estava bastante agitada e pensamos que talvez pudéssemos pescar algum bom exemplar.
Lembrei-me que em Moçambique, muitas vezes a melhor pesca que fazíamos no Rio Sengo, era à tarde quando a maré estava alta e com um ligeiro vento.
Não tardou muito que os peixes começassem a “picar”. Aquele mar é um dos mais ricos do mundo, e começamos a entusiasmar-nos porque queríamos agarrar alguma coisa para o jantar. Ouve um momento que senti um “puxão” na linha e com cuidado tentei filar o peixe, com um movimento brusco da cana. O que é que fosse, tinha-o agarrado e começou a luta para trazê-lo até à praia. Com o cuidado que se tem que ter, com o carreto regulado para uma pressão de 15 quilos, o peixe ia lutando e eu enrolando a linha. Chegou a um momento que o vi no rebentar de uma das ondas.
Não era o que eu queria; era um tubarão serviria para dar aos nossos ajudantes, que gostavam muito desse peixe.
Com um último esforço trouxe o peixe para a praia; o pequeno tubarão pesaria talvez uns 12 quilos e assim terminou o nosso dia de pesca e de viagem pelas praias do Sul de Angola.
No dia seguinte continuaria até onde pudéssemos pela praia, para chegar à Baia dos Tigres.
(continua carta 9)

1 comentário:

Unknown disse...

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