terça-feira, outubro 03, 2006

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS 9

Vou-lhes contar um safari como fazíamos em Angola.
Com esta descripçâo, ficarâo mais o menos com uma ideia como eram os safaris nessa ex-colonia portuguesa.
Faziamos safaris pequenos de 8 a 10 dias somente no deserto.
Depois vinham os safaris no Mucusso (terras do fim do mundo) que eram quase sempre de 21 dias, que era os que habitualmente fazíamos.
E finalmente o safari que eu chamava mixto que eram três semanas no Mucusso e uma semana no deserto.
Quando o cliente queria estar 10 dias a caçar no deserto, o que fazíamos era levá-lo primeiro ao que se chama propriamente deserto, onde a vegetaçâo é quase nula; alguma espinheira e alguns cactus, e de onde em onde uma das plantas mais raras do mundo as Velvichias mirabalis .

Depois de caçar nesse lugar os animais do deserto, ou sejam os Orixes, leopardos, springbucks, uma que outra zebra de montanha, seguíamos para outro acampamento que era o Chingo, onde aí dávamos caça às Impalas de cara preta, aos grandes Elands aos kudos que aí eram enormes, pois havia uma vegetaçâo já bastante densa, ainda que fora uma área semidesertica.
O deserto do Namibe é a continuaçâo do Deserto da Namibia, (nâo confundir um com o outro). Aí se encontram as maiores dunas do mundo, apresentadas centenas de vezes por a National Geographic, pelo Discovery e muitos mais documentários, apresentadas tambem em revistas e em muitas paginas da web.
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Sâo as únicas dunas no mundo que têm aqule cor vermelha alaranjada, pois a concentraçâo tâo grande de óxico de ferro, ao dar-lhe a luz, da-lhe imensas tonalidades dos vermelhos.
Aqui nesta regiâo há três grandes tribus. Os Mukubais, que nâo sâo mais que uma derivaçâo da maior tribú que é a Himba e que vive na fronteira da Angola e da Namibia, e os que se chamam Curocas, que sâo tambem uma rama dos Mukubais.
Ainda que todos venham da mesma raiz, e todos sejam criadores de gado, os do "nosso" lado sâo mais "civilizados", o que é uma pena porque "quase" acabaram com as tradiçôes tâo bonitas e, as mais puras que têm os Himbas, que é uma das raças que eu mais admiro.
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Note-se: a primeira mulher mukubal, veste-se com panos, e geralmente quando vê alguem tapa-se, mostrando a "vergonha" que le inculcaram, primeiro os missioneiros, e depois nós os portugueses.
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A mulher Himba que se vê na foto está muito orgulhosa da sua vestimenta de pele, toda "embadurnada" com uma argilha ocre misturada com mateiga de vaca.
Tèm uma pele que poderia dar inveja às modelos e artistas mais cotizadas, pois sente-se como veludo. Palavra de honra, que eu senti isso-jejejeje.
Sabem ser coquetas a sua forma e vivem num matriarcado.
Quase sempre saíamos de Sá da Bandeira, demanhâ bastante cedo, para poder chegar antes que o calor apertasse muito.
Ao Sair de Sá da Bandeira, começavamos a subir a Serra da Leba até à sua maior altitude, para depois começarmos a baixar do planalto para a zona árida num declive de 1.800 metros, por uma estrada tortuosa, que foi um dos grandes logros da engenharia portuguesa.

Depois de baixar a uns 20 kilómetros da base da Serra, encontrávmos uma picada de terra batida que nos levava ao acampamento da Espinheira.


(Continuarei com as minhas memorias até que digam que pare)

Victor "Hunter"

1 comentário:

Anónimo disse...

Deve ser uma experiencia e tanta viver na África, eu gostaria de conhecer-la, quem sabe um dia, tenha boa sorte pois Deus te ama. por isso te concedeu passar por todo esse tempo lá.