terça-feira, setembro 25, 2007

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS-SUDÂO (2)

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Quando vos comecei a contar as minhas andanças pelo Sudão anteriormente, foi um pouco longo, porque lhes quis contar alguma coisa dos conhecimentos que adquiri, desse país tão grande e tão complicado como é essa nação.

Tanta e tanta tribo diferente, é quase impossível pô-los de acordo. Ë um país que sempre teve dois governos.

O do Norte e o do Sul.

Khartoum vista aérea do Nilo e da ilha (Tromba = Khartoum)<

O Norte com a capital em Khartoum quase 100% muçulmano, olham para os do Sul, que sâo negros, com desprezo, consideram-nos numa casta inferior, e usan-nos como criados. Isso nota-se como os tratam, se alguem possa entender um pouco do árabe que falam no Sudão.

A maioria dos Sudaneses do Norte, têm rasgos negroides, e a pele escura, por as múltiplas misturas com as escravas do Sul que durante alguns séculos se foi produzindo.

Vestem-se com as “gelabias” ou djilabas brancas, usam turbante e sâo como todos os muçulmanos religiosamente fervorosos, até ao ponto de serem de um fanatismo atroz. Já lhes contarei o que passou a um dos nossos caçadores de Moçambique, o Luís Lopes da Silva, por esse fanatismo.

O Governo do Sul, cuja capital é Juba,

foto: Juba vista do aeroporto)

onde não há Presidente, mas somente um vice-presidente, eleito e “tolerado” pelo governo de Khartoum.

As maiores tribos do Sul, estâo formados pelos Dinkas e pelos Nueres, que sao tribos nilóticas. Estas duas tribos composta com homens e mulheres de uma altura que tem uma media de 1.90 metros e que muitas vezes ultrapassa os dois metros.

Por a beleza corporal destas tribos, foram durante muito tempo as escravas e escravos favoritos dos “árabes” do Norte.

Como protesta e rebelião a essas práticas, os Dinkas e os Nueres, nunca quiseram usar qualquer vestimenta. Andam nus sem se importarem o mais mínimo, se os consideram “selvagens”. São criadores de gado e têm manadas impressionantes nas margens do Nilo, e especialmente no Rio Bahar–el-Gazaal.

Muitas vezes aproveitei as manadas dos Dinkas, para aproximar-me aos antílopes que queria caçar, que nâo temiam o gado, mas sim às pessoas.

A caça no Sudão era das melhores que havia em África, por as diferentes espécies que há naquele tão extenso país.

Nós tivemos varios acampamentos, no Sul do Sudão.

Aqui não era possível naquele tempo ter acampamentos fixos como tínhamos em Moçambique e Angola. Tudo era à base de barracas “Manyara” e a única coisa que eu sempre mandava construir fixo era uma “macheze” (nome sena) e um banho fixo, porque não gostava nada dos banhos de tendas.

Nestas andanças pelo Sudão, falarei muito de algumas tribos que eu encontrei fascinantes, sob o ponto de vista etnológico.

Victor “Hunter”

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