sábado, setembro 30, 2006

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS 3

Nesse ano, nosso primeiro ano de actividade cinegética nas TERRAS DO FIM DO MUNDO, assim se chamam até hoje as terras do Mucusso,(que pertenceram ao Capitâo Cabral, já algum dia lhes contarei do nosso parentesco), que compreendem a coutada que está demarcada por quatro grandes rios.
A Oeste, que era a nossa área de acçâo, pelo rio Cuito, que vem do Norte da regiâo do Cuito Canaval, ao Sul pelo rio Cubango e, que faz parte da fronteira do Caprivi Strip, mais conhecido por Okavango, que mais tarde ao juntar-se com o Rio Cuando vâo formar dentro da Botswana uma das maiores zonas húmidas do mundo, onde milhares de animais vivem hoje em paz sem que os matem.
A Este era limitada pelo Cuando como me referi já e ao Norte, pelo Rio Luiana, que devidia a coutada do Mucusso da coutada chamada Luiana.
No "nosso" Rio Cuito, nesses meses terminamos dois acampamentos mais para poder começar os nossos safaris com três bons acampamentos.
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Este era o acampamento do Sacaxai, muito do estilo do primeiro que fizemos, somente que desta vez este foi construido em uma zona plana.
Do outro lado do Rio Cuito, mesmo em frente ao acampamento, havia uma base militar de cavalaria, em que havia um bom campo de aviaçâo, todo feito em cimento, e que o comandante mos deixava usar para aterramos com o nosso aviâo, um velho Dove de Havilland de doze passageiros que usávamos para transportar os nossos clientes de Sá da Bandeira até à coutada e vice versa.
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Escrever isto, parece muito facil, mas para mim, ter organizado, os dias em que tinha que chegar o aviâo, coordinar tudo num calendário, para que chegassem uns e regressassem outros que tinham acabado o seu safari, no pricípio foi uma dor de cabeça.
Em Sá da Bandeira, tínhamos que pesar cada peça de bagagem para nâo passar-nos do peso permitido pois tínhamos que abastecer-nos de gasolina em um ponto intermédio, que era a Vila de Serpa Pinto, para ter gasolina para ir ao acampamento e regressar, a Sá da Bandeira. A maioria das vezes o aviâo e o piloto pernoitava no acampamento para seguir pela manhâ até à base. Tivémos que contar com isso, construindo uma "casita" mais para os imprevistos.
O velho CR-LKU (Charlie,Romeu - Lima, Kilo, Uniforme) portou-se bem durante muito tempo, até que um dia...já lhes contarei mais adeante.
Todos os clientes que tívemos no primeiro mês de safari, eram importantes para nós mas entre eles havia dois personagens que eu tinha feito enfazis aos meus companheiros que tinham que ser atendidos de uma maneira VIP, sem descuidar os outros certamente.
Um era o Guy Roderick e o seu filho Scott de 9 anos e o outro era o Robert Eastman, que eu já conhecia de Moçambique.
O Guy R. era um dos maiores acionistas de MacDonalds (nham nham) e o outro somente caçava com arco e flexa e é dono de uma cadeia de Super-Mercados " Quick Save" aparte de ser dono da companhia que vende e fabrica arcos e flechas e, todos os artigos de caça que se chama " Hunter's Tracker". Se tudo corresse bem, esses senhores ajudariam que no ano seguinte estivessemos cheios a nâo mais caber de clientes. Essa foi a promessa que me tinham feito.
Cada vez que chegava o nosso aviâo, era como uma festa para os nossos queridos e militares que estavam destinados naquele aquartelamento. Vinham sempre visitar-nos, mas com um tacto formidável. Sempre chamavam por rádio para ver se nâo incomodavam. Grandes rapazes, e que grandes eram quando falavam de como estavam a defender aquilo que pensávamos que era nosso.
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Daqui vai sempre a minha homenagem para eles. Eu levava-lhes muita veszes os melhores bocados de carne que caçava, de Tucas, de Kudos, de Gondongas e eles sempre me mandavam alguns garrafôes de vinho, pois tinham um surtido imenso nas suas despensas.
Nos dias que chegavam clientes até nos ajudavam a passar o batelâo que com a corrente que às vezes era de 8 a 9 nós, era bastante pesado.
Quem sabe onde estarâo agora tâo bravos rapazes?
Alguns certamente já sâo avôs e devem-se lembrar dos bosn tempos passados naqueles lugares, porque lá nâo havia nem um terrorista naquelas terras. Se tinham acabado. (isto tambem dá para uma história que lhes podia contar, mas a mim somente me diverte escrever sobre caça).

Victor "Hunter"

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS 2

Ainda que o nosso Grupo Moçambicano, nâo fosse composto somente por "moçambicanos",... era um grupo divertido.
Tínhamos o Amilcar Jorge, o mais sério de todos, (que aparte de caçar, era o que levava a contabilidade), que era de Vila Pery que, comigo era o sócio principal, depois vinha o seu irmâo Noel Jorge o mais louco de todos, tambem de Vila Pery.
Seguia o Javier Alonzo, que era um espanhol a quem eu dei trabalho uns anos em Moçambique, de ajudante de caçador e que mais tarde veio a caçar em Angola na famosa coutada do Luiana e que quando lhe fiz a proposta para ingressar ao grupo, nâo demorou nem 5 segundos a dizer qie sim.
O outro que fazia parte do grupo era o António Guerreiro, um rapaz mulato, o mais velho de todos, um bom amigo e, uma das chaves principais na abertura de picadas, pelo conhecimento que tinha daquelas terras, pois tinha nascido nas margens do Okavango em frente ao Rundo (Namibia). Para ele tudo estava bem, tinha uma calma que às vezes me punha nervoso, porque parecia que nada lhe importava, mas isso sim, sempre fazia as coisas com a sua calma, e bem feitas.
Finalmente vinha eu, o sonhador, o que decidia como fazer as coisas, como conseguir o dinheiro e os clientes. O visionário, o que nâo me importava encher-me de dívidas, para que os meus clientes contassem com um aviâo, com uns jeeps à altura e com uns acampamentos que nâo ficassem a dever nada aos melhores de África daqueles tempos. O que queria que os carros estivessem equipados com radios transmissores, para que estivéssemos todos em contacto com um rádio que estava no nosso escritório em Sá da Bandeira, e que tinha "uma guarda de 24 horas".
Este era o Grupo Moçambicano Safaris Limitada.
Cada um tínhamos um nome. Eu era o Zebra-1 , Amilcar o Zebra -2 e assim sucessivamente.
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Trabalhávamos para construir os acampamentos, abrir picadas, contruímos até um batelâo para poder atravessar o Rio Cuito. Deitávamo-nos à noite, cansados, mas contentes de ter feito alguma coisa nova nesse dia por nós e pelo turismo daquela terra.
Victor "Hunter"
P.S.- Tínhamos prometido todos deixar os bigodes até que acabássemos a primeira época de caça.
da Esquerda à Direita: Victor Cabral "Hunter", Javier Alonzo, Antonio Guerreiro, Noel Jorge e Amilcar Jorge.

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS 1

(MAIO-1972) QUANTAS ILUSÕES...E QUANTAS DECEPÇÔES
Em 1972, depois dos "terroristas" terem queimado o meu acampamento base da Mazamba, (Moçambique), transferi todo o meu equipamento e pessoal indígena para Angola.
Cheguei com a ilusâo de começar uma vida nova, pois lá no MUCUSSO, na foz do Rio Cuito com o Cubango, ou seja o OKAVANGO, construí este acampamento, que era uma maravilha pela sua posiçâo. Era um paraiso esse lugar, Tranquilidade, muitos animais, uma pista de aterragem, e do outro lado do rio, uns rapazes militares portugueses que nos davam a sua amizade. Eram uns rapazes orgulhosos da farda que levavam vestida. E nós uns empreendedores, que queríamos fazer "as coisas bem".
Construimos ao longo desse rio, acampamentos que eram um sonho, para aquele tempo, que os angolanos nunca tinham visto. Aí começou uma companhia que se chamava, Grupo Moçambicano Safaris Ltda.
Um dia tudo terminou....e as nossas ilusôes foram por água abaixo...

Este era o Acampamento do Dirico, quando o tínhamos terminado.
O trabalho que nos deu fazer isso em escadas. Tinha 4 niveis.
(das minhas memórias).
Victor "Hunter"